Em 1867, quando foi publicado, o livro era um verdadeiro guia do Museu, mas é claro que a disposição das exposições foi alteada desde então. (Fonte: Le Monde)
Que tal visitar o Louvre na companhia de Théophile Gautier? Essa é a proposta do guia assinado pelo poeta francês do século XIX. Desaparecido há muito tempo, o texto foi recuperado e editado pela Mazenod e o Museu Louvre, em ocasião do bicentenário de nascimento do escritor.
Até onde eu vi o livro é só para francófonos. Aqui, slides sobre o lançamento publicados no jornal Le Monde.
O livro é uma viagem ao período do Segundo Império francês, através das observações particulares de Gautier, que se entusiasmava tanto pelos traços da pintura quanto pelo tema tratado.
Frente ao quadro A barca de Medusa, por exemplo, ele afirma: "fosse este um naufrágio homérico ou virgiliano, mas estes pobres coitados eram modernos, reais e contemporâneos". No guia, ele lembra que o quadro - hoje considerado uma obra-prima não foi bem recebido na ocasião da sua apresentação no salão de 1819.
A barca de Medusa (Wikipedia), de Théodore Géricault, pintado entre 1817 e 1819, faz referência a um episódio trágico da história da marinha francesa. Em 1815, Louis XVIII se reinstala no trono da França e o Senegal é devolvido aos franceses pelos britânicos. Em junho de 1816, a fragata Medusa sai da ilha de Aix com o governador do Senegal, acompanhado da sua esposa e da sua filha, assim como cientistas, soldados e colonos. A inexperiência do comandante cria um clima de tensão que faz com que o navio fique encalhado. A evacuação se faz necessária. 17 marinhos restam a bordo, dos quais apenas três sobrevivem. 233 passageiros evadem em pequenas embarcações. 149 marinhos e soldados se agrupam em uma balsa de 20 por sete metros. Essa balsa se perde e a situação se degrada. Após 13 dias, a balsa é encontrada pelo navio Argus. Nela, restam apenas 15 sobreviventes, imediatamente suspeitos de canibalismo. Cinco ainda morrem nos dias logo a seguir do resgate.
Slides na France 2 sobre o lançamento: Tous au Louvre avec Théophile ! - Livre d’art - Livres - France 2 - France 2.
Achei a idéia em si interessantíssima, ainda que típica do século XIX e a relação com as artes que se tinha (talvez mais amorosa?). É chato prometer e não cumprir, mas esse lançamento me deu idéia de falar sobre o escritor, político, agitador, filósofo e ex-ministro da cultura francês André Malraux, o criador do conceito de "Centro Cultural". Para mim, o livro "O museu imaginário" dele é sensacional. Fica para a próxima.