Cena da adaptação de 2005 dirigida por Joe Wright. Para mim, Matthew Macfadyen embora não seja o melhor Darcy do mundo é a coisa menos incorreta desse filme. Mas...cada um com sua opinião.
Uau! Chegou a mais nova tradução de Orgulho e Preconceito de Jane Austen da Cia. das Letras, por Alexandre Barbosa de Souza. A editora fez um post no seu blog sobre o lançamento com o depoimento do tradutor, um vídeo super legal da Raquel Salaberry, do Jane Austen em Português e depoimento de alguns leitores. O meu está lá também, mas adorei ler todos os depoimentos, muito legal a iniciativa deles.
Aqui eu reproduzo a minha história com este livro fantástico.
Como acontece com muita gente, Pride & Prejudice (Orgulho e Preconceito) foi o primeiro livro que eu li de Jane Austen. Na minha adolescência, eu entrei para uma estatística que eu calculo deve ser bem baixa: não apenas eu amava literatura, paixão transmitida pelo meu avô que havia sido educado em Coimbra, como adorava os clássicos e PRINCIPALMENTE Machado de Assis, que eu considero meu primeiro mestre na vida. Foi por causa dele, por exemplo, que eu entrei um dia aos 19 anos em um sebo chamado Berinjela, no centro do Rio, e comprei um livro (que eu tenho até hoje) da coleção "Harvard Classics" que continha dois romances: A sentimental journey through France and Italy (Viagem sentimental através da França e da Itália) do Laurence Sterne, um dos autores favoritos de Machado, e....ele mesmo: Pride & Prejudice, de Jane Austen.
Meu primeiro Pride and Prejudice: Jane Austen era um "bônus" do Laurence Sterne.
Àquela altura, eu já tinha ouvido falar de Austen, mas como aqui no Brasil não se estuda muito literatura inglesa no segundo grau, ainda não tinha lido nenhum livro dela. Pois bem: resolvi começar a leitura deste livro pelo segundo título.
As irmãs Bennet, na versão de 1995 de Pride & Prejudice da BBC, considerada a melhor versão até hoje já feita do romance pelos admiradores de Austen. Fonte: BBC Drama.
É claro que assim que eu botei o olho na frase de abertura - "It is a truth universally acknowledged, that a single man in possession of a good fortune must be in want of a wife" (É uma verdade universalmente reconhecida que um homem solteiro de posse de uma grande fortuna deve estar procurando uma esposa) - não consegui mais desgrudar do livro. Quando acabei a leitura, eu me lembro que fiquei tão triste - embora o final seja feliz - que eu tive que voltar atrás para reler alguns passagens, rindo sozinha comigo mesma - minto: rindo junto com Jane. Depois, comecei a ler as críticas e uma biografia xôxa que a minha edição trazia. Depois, nunca mais parei de ler Jane Austen, comprei outros romances, outras edições, li outras biografias. O fato é que não se sabe nem como nem porquê Jane Austen tem o poder de escrever evidências. Verdades universalmente reconhecidas. Só que parece que outros não viram ou não conseguiram expressar essas verdades da maneira como ela fez.
A famosa cena da camisa branca da versão 95 da BBC, com Darcy saindo de roupa e tudo do lago. Para além da imagem-fetiche do imaginário feminino dos anos 90, seria o sapo virando príncipe? Jane desvela seus personagens como cartas do baralho, assim Darcy e Wickham são valetes que se espelham no decorrer da narrativa. Mais um jogo para mostrar o engano das aparências.
O que eu acho mais interessante de P&P é que mexe com o imaginário das mulheres até hoje. Trata-se de um conto de fadas basicamente - a personagem principal, Elizabeth Bennet, é a própria Cinderela, as irmãs do Bingley são as irmãs malvadas da Cinderela e a sua família e sua casa são eternos ratinhos e sua abóbora, que nunca se encantam, hora nenhuma do dia. Ora, ocorre que assim como nós, mulheres emancipadas e modernas, Lizzy não tem fada madrinha, ela tem que improvisar e se virar sozinha. E não apenas ela vai ao baile e encontra um príncipe. Ela vai ao baile e encontra um ser que possivelmente é a pessoa mais arrogante, orgulhosa e preconceituosa do mundo. Ocorre que ESTA PESSOA vem a ser o tal príncipe, o que mostra que o mundo não é fácil, os relacionamentos não são fáceis e tudo o que parece ser não é. Esse é o mote principal do livro que, aliás, na sua primeira versão, quando Jane começou a escrevê-lo, chamava-se "First Impressions" (Primeiras Impressões). Acho sensacional o modo como ela transforma uma história basicamente simples em uma complicada comédia de costumes.
Li que Jane começou a escrever P&P (ou "First Impressions") alguns meses após a separação de um possível pretendente. No inverno de 1795-6, há registros de uma possível ligação amorosa entre Jane Austen e Tom Lefroy, sobrinho do Reverendo George Lefroy de Ashe, mas é possível que a família de Lefroy viu nessa aproximação um perigo, já que ambos não tinham dinheiro e o mandou de volta para Londres. Essa breve ligação foi tema do filme Becoming Jane (2007), com Anne Hathaway e James McAvoy nos papeís principais.
Cena do filme Becoming Jane, de 2007, com Anne Hathaway e James McAvoy.
Se essa história é verdadeira ou não e se Jane de fato se apaixonou por Tom , é impossível dizer. Mas depois que eu li sobre isso fiquei pensando se P&P seria uma espécie de "resposta" de Jane a sua situação. E que resposta!
Uma prova que Pride & Prejudice continua atualíssimo: o site Jane Austen Portugal fez um levantamento dos filmes e séries inspirados no livro:
http://janeaustenpt.blogs.sapo.pt/113386.html
Claro, Bridget Jones está lá (li que foi a própria autora Helen Fielding que convidou Colin Firth - o Darcy da versão 95 da BBC - para interpretar o Mark Darcy dos filmes). By the way: segundo o Omelete, Fielding está trabalhando na terceira versão do Diário de Bridget Jones, mas não se sabe ainda se o trio principal de atores vai entrar nessa, ainda mais com um oscarizado Firth e uma Zellweger cansada de operar estrias. Mas ALGUÉM precisa ganhar um dinheirinho, certo?
Das versões mencionadas pelo Jane Austen Portugual, o único que eu não assisti foi Pride and Prejudice - A latter day comedy. Pelo jeito, MUITA GENTE precisa ganhar um dinheiro - e haja casquinha de Jane!!!!
Trailer aqui: