Foto da peça Se souvenir de Violeta, encenada no Teatro Nacional de Luxemburgo.
Adorei a idéia da Vanessa de fazer essa blogagem coletiva. Acho que é um assunto sobre o qual eu nunca pensei muito. Ou melhor, quando me ocupei do assunto, pensei nas razões pelas quais eu não queria fazer um blog. Por exemplo: eu não queria falar de mim e da minha vida pessoal nem postar foto dos "bebês da mamãe" (para isso eu tenho um blog fechado, gente). Eu também não queria um blog que tivesse qualquer vínculo comercial - eu já tenho renda e não quero arrumar mais sarna para me coçar. Eu não queria que meus posts fossem de auto-ajuda, conselho ou descarga emocional, até porque não me sinto capacitada (e costumo ser cética em relação ao assunto). E, finalmente, eu não queria de modo algum, nunca, jamais, que o meu blog fosse um "papo calcinha" ou "papo batom", com fotos de underwear feminina, poemas sem qualquer explicação, dicas de maquiagem e mil "amigas" no espaço do "chá". Enfim: eu queria um blog para chamar de meu, assim como todo mundo, eu acho, né? Cada maluco com sua mania: pode-se decretar esse o lema da internet.
Mas, afinal, por que eu quis fazer um blog sobre literatura e afins? Ao que me lembre nos idos de 2005, quando eu comecei o blog, fiz um post explicando, intitulado Por que a literatura?, em que analiso um trecho do livro No Caminho de Swann, de Proust, que me marcou profundamente da primeira vez que eu li. Concordei absolutamente com ele e, como só notei hoje que não havia colocado nenhuma tradução para o texto, aproveito para inserir aqui, assinando embaixo, com a única ressalva de que, onde ele escreve "jornais" eu gostaria de acrescentar: tv, internet, revistas etc etc:
"O que censuro aos jornais é fazer-nos prestar atenção todos os dias a coisas insignificantes, ao passo que lemos três ou quatro vezes na vida os livros em que há coisas essenciais. De vez que rasgamos febrilmente cada manhã a faixa do jornal, deviam-se então mudar as coisas e pôr no jornal digamos...os Pensamentos de Pascal! [...] E no volume de corte dourado que só abrimos uma vez a cada dez anos [...] é que leríamos que a rainha da Grécia foi a Cannes, ou que a princesa de Léon deu um baile a fantasia. Com isto, estaria restabelecida a justa proporção. "
(Proust, NCS, ed. Globo, p.31, trad. Mario Quintana)