Tobias Menzies e Rupert Penry-Jones, na versão 2007 de Persuasão.
"She was looking remarkably well; her very regular, very pretty features, having the bloom and the freshness of youth restored by the fine wind which had been blowing on her complexion, and by the animation of eye which it had also produced. It was evident that the gentleman [...] admired her exceedingly. Captain Wentworth looked round at her instantly in a way which showed his noticing of it. He gave her a momentary glance, a glance of brightness, which seemed to say, 'That man is struck with you, and even I, at this moment, see something like Anne Elliot again".
Jane Austen - Persuasion (Collerctor's Library, p. 127)
"Ela estava com um ótimo aspecto; o vento fresco, batendo-lhe no rosto, tinha restituído a frescura da juventude às suas feições regulares e muito atraentes e despertara a vivacidade do seu olhar. Era evidente que o cavalheiro a admirou imenso. O comandante Wentworth olhou imediatamente para ela de um modo que demonstrava que reparara. Ele lançou-lhe um olhar momentâneo, um olhar perspicaz que parecia dizer: -Este homem ficou impressionado contigo e, até mesmo eu, neste momento, vejo algo de novo em Anne Elliot". (trad. Isabel Sequeira, Scrib, p. 121)
Samuel West, Amanda Root e Ciarán Hinds, como William Elliot, Anne Elliot e Frederick Wentworth, na versão de 1995 de Persuasão.
Como ando ocupada com milhões de outras coisas para ler novos livros (além dos três que normalmente estão na minha mesinha de cabeceira), decidi que estava na hora de começar uma série sobre a qual queria falar há algum tempo: o papel do oponente em diversas obras literárias. Não apenas o rival amoroso, mas aquele que precisa (?) ser mais: o inimigo da própria alma, aquele que costuma dar pimenta à história, render páginas e páginas a mais e tirar o sono do protagonista mais sóbrio, em suma, o canalha necessário. E por que não? Ele é útil sim e tem um papel fundamental em diversas obras importantes, em algumas delas ele está inserido mesmo no enredo principal. Vou começar pelos oponentes que NÃO ESTÃO nessa categoria. São aqueles que aparecem sutilmente quando o livro está andando, quase que imperceptivelmente e tomam conta da trama. São os excelentes e bem elaborados oponentes de Jane Austen. Sem eles, muitos livros da autora - senão todos - correriam o risco de ficar em um embate entre os sexos. Herança literária inglesa? Vamos averiguar neste e nos próximos posts.
O trecho acima é da cena de Persuasão em que Anne Elliot, passeando em Lyme com um grupo no qual estava o Capitão Wentworth, encontra-se anonimamente com o seu primo, William Elliot, que lança AQUELE "olhar 43" para cima dela, na cara do nosso protagonista que não gosta nada disso (vide acima a imagem do excelente Rupert Penry-Jones como Frederick Wentworth). Essa entrada estratégica e fundamental na história irá marcar uma reviravolta, não apenas no jeito que Wentworth age em relação à Anne, mas também como ela própria passa a mostrar um caráter mais decidido, afinal, ela está "insuflada" não apenas pelo vento, mas pela admiração deste que se julga ser um cavalheiro qualquer.
"afinal, ela está "insuflada" não apenas pelo vento, mas pela admiração deste que se julga ser um cavalheiro qualquer."
Sim, a nossa querida Anne, aos poucos, vai percebendo sua beleza!
Márcia, se permitires mencionarei teu post no Jane Austen em Português.
abs,
Posted by: Raquel | terça-feira, agosto 10, 2010 at 22:49
Será uma honra, Raquel!
Obrigada!
Posted by: MarciaCL | quarta-feira, agosto 11, 2010 at 14:52