"The name of Anne Elliot [...] has long had an interesting sound to me. Very long has it possessed a charm over my fancy; and, if I dared, I would breathe my wishes that the name might never change".
(Persuasion, Penguin Classics, 2008, p. 177 - William Elliot tentando a sorte em vão.)
"O nome de Anne Elliot [...] há muito que me desperta grande interesse. Há muito que ele fascina a minha imaginação; e, se me atrevesse a tal, exprimiria o desejo de que o nome nunca mudasse'.
(trad. Isabel Sequeira, Scrib, p. 204).
Continuando a minha série que eu chamei de "Oponentes", gostaria de falar mais um pouco sobre esse que, para mim, é um dos "melhores" em Jane Austen: William Elliot. O primo das irmãs Elliot e herdeiro de Sir Walter Elliot entra no xadrez de Persuasão para dar uma remexida geral no tabuleiro. Ele não apenas se opõe ao protagonista, Frederick Wentworth, mas, antes de mais nada, a um personagem ausente da trama, ou melhor, que aparece unicamente na primeira página do romance, no verbete "Walter Elliot" dos Anais dos Baronetes: o filho natimorto, entre Anne e a irmã mais nova, Mary. William deseja ocupar o lugar deste filho: ser não apenas herdeiro de Kennlynch-hall, mas do próprio Sir Walter. Essa é a razão pela qual ele corteja Anne (e, ao que parece, Elizabeth, antes de Anne aparecer em Bath).
Em segundo lugar, William é oponente do próprio Sir Walter, uma vez que, se ele se casar novamente, pode produzir um herdeiro e lhe tirar, portanto, o seu direito natural. Essa é a razão pela qual ele corteja a sra. Clay, a possível pretendente de Sir Walter. Aliás, ela joga dos dois lados: qualquer um dos Elliot serve para ela, o tio ou o sobrinho, como bem observa Gillian Beer, no prefácio das edições Penguin. Ela cogita se seria esse o sentido do nome dela, já que clay (barro) sugere maleabilidade.
Anthony Head, como o vaidoso Sir Walter Elliot
Mas é a atração por Anne (a despeito das segundas intenções) que o faz cair na desgraça junto à Jane Austen, pois, como sugere a professora Gillian Beer, "talvez, a função do sr. Elliot como o causador do segundo envolvimento amoroso entre Anne e Wentworth é a razão do seu completo repúdio" (Beer, p. XXV), pois o leitor se identifica com ele pela escolha que faz de Anne, em detrimento de Elizabeth. Seguindo esse pensamento, a professora Beer pergunta: por que ele não poderia ser apenas o amante preterido de Anne? Para tirá-lo completamente das graças do leitor, Jane Austen decide não apenas apresentá-lo como um caçador de fortunas: ele termina sendo o canalha que deixou seu amigo se enterrar em dívidas até a morte e abandou a viúva deste.
Cena da versão de 2007 com Sally Hawkins, durante o concerto em Bath, sentada ao lado de William Elliot: a felicidade está lá atrás!
Um detalhe curioso é que tanto a versão para as telas de 1995 quanto a de 2007 para a televisão usaram um recurso para unir Wentworth à Anne que a autora deixou em manuscrito, mas abandonou na versão final do romance: a cena em que Frederick é encarregado pelo Almirante Croft de informar à Anne que ele e sua esposa entregariam Kennlynch-hall ao pai dela, no caso de se confirmar o casamento entre ela e William Elliot.
Goodbye, Mr. Elliot (Samuel West, na versão de 1995).
Em resumo, a função de William Elliot em Persuasão é bem clara: aproximar velozmente Anne de Frederick. Este, ao vê-la praticamente perdida nos braços do primo, revive todo o amor do passado. Ela, ao receber uma atenção especial do primo e voltar a ter diante de si uma perspectiva que tinha abandonado há muito tempo: a de se casar e de se tornar legítima herdeira da mãe, adquire a auto-confiança e o brilho necessários para a reconquista do seu Wentworth. O interessante é toda a construção de William como um jovem sensato, um cavalheiro, excelente sobrinho e pessoa de bom senso (já que corteja Anne e não Elizabeth) é virada do avesso, como acontece com vários oponentes de Jane Austen.
O final feliz a quem merece, claro! (Foto: Jane Austen's World)
O próximo de que falarei aqui - não poderia ser outro - é o charmoso Wickham, de Orgulho e Preconceito. Aguardem!!!
Marcia,
muito obrigada! Terminada minha semana Northanger Abbey escreverei sobre sua serie,
um abraço
Posted by: Raquel | quarta-feira, agosto 11, 2010 at 23:03
Obrigada!
Posted by: MarciaCL | quinta-feira, agosto 12, 2010 at 14:30